Carne, mocinha ou bandida?
A consciência das pessoas hoje está mudando, elas perceberam que para se ter melhor qualidade de vida é necessário mudanças de hábitos. Portanto, a cada dia, mais pessoas resolvem mudar hábitos praticados por longos anos, aderindo a um estilo de vida mais saudável, que inclui a prática de esportes, a abstenção do consumo do açúcar, da carne etc.
Mudanças como essas são simples, mas não são fáceis de fazer no entanto, pode significar enorme diferença na vida do indivíduo. Nos dias atuais porém, tanto no Brasil como no mundo o número de pessoas que se abstêm ao consumo de carne total ou parcialmente vem crescendo, e eu pertenço a essa estatística.
A discussão ainda é acirrada em relação a esse tema. Muitos acreditam ser quase impossível para o ser humano viver sem consumir carne; outros acham que uma decisão como essa pode comprometer o estado de saúde do indivíduo e outros ainda vêm benefícios no consumo da carne de modo geral. Para esclarecer esses pontos vamos por partes:
Benefícios da carne para o corpo humano:
Todos sabem que a carne vermelha é rica em proteínas, lipídios (gordura), contém ferro, zinco, magnésio, vitaminas do complexo B, sódio, potássio e outros nutrientes, importantes para o ser humano. Mas será que é possível viver sem consumir carne? Isso nem é preciso responder, se assim não fosse não haveria nenhum vegetariano sobrevivente para contar sua experiência.
A carne vermelha é a vilã nessa história. Por sua grande concentração de gordura saturada foi excluída do prato de muita gente, estando associada a doenças de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
Já a carne branca, apesar de possuir menor percentual de ferro ainda faz parte do cardápio daqueles que não consumem a carne vermelha. Os peixes e os frutos do mar do mesmo modo. Estes são ricos em gordura boa que contribuem para a diminuição do LDL (colesterol ruim) e alguns contêm ômega 3 responsável por prevenir doenças do coração e várias outras funções. Outra vantagem da carne branca é que ela é digerida com mais facilidade.
Consumo de carne vermelha pode aumentar o risco de morte precoce
A carne vermelha possui um nutriente chamado L-carnitina que quando metabolizada pelo aparelho digestivo humano, produz uma substância que contribui para o acúmulo de gordura nas artérias e consequentemente desencadeia uma reação inflamatória denominada aterosclerose, ou seja, entupimento dos vasos sanguíneos, que pode levar ao infarto. Essa descoberta foi realizada através de um estudo realizado pela Cleveland Clinic nos EUA que ainda afirma que a L-carnitina por se só não seria um risco para o ser humano e sim pela substância que ela contém chamada TMAO (Trimethylamine N-oxide, ou, em português, N-óxido de trimetilamina).
O estudo foi realizado com análises em seres humanos e camundongos, incluindo amostragem comparativa entre vegetarianos, veganos e onívoros. Os resultados indicaram que o TMAO altera o modo como o colesterol e os esteroides são metabolizados, inibindo o processo de transporte reverso de colesterol, resultando no acúmulo de gordura nas paredes internas das artérias. “Talvez isso explique por que algumas pessoas desenvolvem aterosclerose mesmo sem ter colesterol alto.” Afirma o autor principal do estudo, Stanley Hazen, do Departamento de Medicina Celular e Molecular da Cleveland Clinic, em Ohio.
Leia mais sobre a pesquisa:
Título original: Intestinal microbiota metabolism of L-carnitine, a nutrient in red meat, promotes atherosclerosis
Realizada por: Robert A Koeth, Stanley L Hazen e equipe
Divulgada: periódico Nature Medicine
Instituição: Cleveland Clinic, EUA
Carne processada e os riscos para nossa saúde
Uma pesquisa realizada pela Harvard School of Public Health concluiu que o consumo de carne processada está relacionada ao aumento de chance de uma pessoa desenvolver câncer e problemas cardíacos. Mais de 120.000 pessoas participaram da análise. Essas pessoas foram acompanhadas por 28 anos e o resultado surpreendeu: O consumo diário de carne processada como bacon, salsicha, etc. aumenta em 20% o índice de mortalidade.
Outro estudo realizado na Europa concluiu também que o consumo de salsicha, presunto, bacon, etc. Aumenta sim, o risco de morte precoce. O estudo foi realizado com pessoas de dez países europeus durante mais ou menos treze anos e, o mais impressionante foi que, uma em cada 17 pessoas acompanhadas no estudo morreu.
Os pesquisadores afirmaram que o consumo de muita carne processada contribui para a obesidade e apresenta outros fatores de risco à saúde. Segundo eles, o consumo de 160gr. de carne processada, o equivalente a duas salsichas ou uma fatia de bacon registraram 44% mais chances de morrer durante o período do estudo do que os que consumiam cerca de 20gr. No total, quase 10 mil pessoas morreram de câncer e 5,5 mil de problemas cardíacos.
“Um alto consumo de carne, especialmente carnes processadas, está associado a um estilo de vida menos saudável”, disse à BBC a professora Sabine Rohrmann, da Universidade de Zurique, uma das autoras do estudo. Segundo Rohrmann, se o consumo de carne por cada participante do estudo fosse de no máximo 20gr de carnes processadas por dia, 3% das mortes precoces poderiam ter sido evitadas.
E agora?
Então, está convencido dos benefícios e malefícios que o consumo de carne pode proporcionar à nossa saúde? Agora a decisão é sua. No entanto, é importante saber que é possível sim, viver sem ingerir carne. Há vários vegetais, frutas e legumes que podem suprir as necessidades de vitaminas que o nosso corpo precisa.
A soja por exemplo é uma grande aliada nesse caso, ela é rica em ferro, contém fibras e é o único vegetal que supre 100% das necessidades proteicas que encontramos na carne, leite e ovos. A gordura de que o nosso corpo precisa, podemos encontrar em outros alimentos saudáveis como peixes, nozes, amêndoas, avelãs e frutas.
A ingestão de pelo menos três copos de leite por dia nutri a necessidade diária de cálcio no corpo; no grã de bico e brócolis também encontramos cálcio. Outra opção para substituir a carne é o tofu e cereais integrais como trigo, bulgur, arroz, aveia, centeio, cevada que também contém proteínas e aminoácidos. Outra opção seria investir nas sementes como: semente de girassol, gergelim, quinoa e germe de trigo.
Agora se você é do tipo carnívoro, deve começar a mudar seus conceitos para seu próprio bem.
Se gostou compartilhe e curta.
Referências:
http://veja.abril.com.br/noticia
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/03/130307_carne_riscos_ac.shtml